Pegada de Carbono, ou “Carbon Footprint” é o nome dado as emissões de gas de efeito estufa principalmente por parte de indivíduos, pessoas comuns como eu e você. E também é uma fraude, inventada pela empresa de marketing “Ogilvy & Mather”, na época contratada pela petrolífera “British Petroleum”, a fim de tirar a responsabilidade pela poluição do planeta Terra dos ombros de grandes empresas, e colocar nos sujos, desinformados e estúpidos plebeus. Como eu e você.
Mas esse post não é sobre aquecimento global em si, mas sim sobre essa tática de responsabilizar indivíduos, em essência, impotentes frente a políticas de empresas e governos, a fim de maximizar lucros e melhorar a imagem destas mesmas organizações.
E enquanto essa tática é usada por diversas indústrias (um
exemplo que me lembro de não muito tempo atrás sendo de uma mineradora
responsável por grande desmatamento e poluição do território amazônico fazendo
vídeozinhos sobre como a selva é bela, e os pequenos servos feudais bizonhos,
como eu e você, tem de parar de destruir a mata)... Nesse post eu vou focar na
indústria da moda. E mais especificamente, no “consumo ético”.
Indo direto ao ponto, não existe consumo ético, e isso não
passa de estratégia de marketing, greenwashing, ou falácia lógica da culpa por
associação, chame como quiser.
A situações de costureiras aqui no Brasil é muitas vezes
análoga à escravidão, ou a de trabalho escravo por completo, a maioria trabalha
como informal, sem previdência, muitas vezes contraindo doenças e desenvolvendo
condições seríssimas nas fábricas, ou quando trabalham em casa, levando suas crianças
pequenas a ajudarem elas na confecção das peças...
E, ironicamente, enquanto fazendo essa pesquisa, no Brasil
de Fato, o mesmo site que culpa o consumidor final do produto por esses abusos,
também lista um vestido feito por quatro mulheres em troca de 1 real e 80
centavos sendo revendido por 65 reais, perpetuando essa mentira de que o
culpado são sempre as pessoas mais fracas, e que muitas vezes não estão
inteiradas desses abusos.
Afina, a indústria petrolífera diz que você deveria se
sentir envergonhado por suas emissões de carbono, mas ela que subornou o mundo
inteiro a fim tornar quase impossível para que você vá ao trabalho ou para a escola
ou para a faculdade, ou para qualquer outro lugar sem ser de carro ou moto,
então ou você abandona tudo e vira um eremita no mato, ou você vira um vilão
malvado que está destruindo o mundo das pobres coitadinhas das petrolíferas.
Afinal, a indústria da moda te humilha por usar roupas fora
de tendencia, e te proíbe de entrar em muitos lugares e consumir muitos
serviços (as vezes absolutamente necessários como coisas relacionadas a
documentos e leis) se você não estiver vestido de forma apropriada, e faz
ilegal não possuir roupa alguma; você não tem escolha além de comprar aquela
peça de 65 reais feita por mulheres em condições miseráveis.
E na verdade, as exceções para isso, os ateliês
independentes, os doces caseiros sem associações com a Nestlê, ou ir de
bicicleta para qualquer lugar, no tempo pressente são LUXOS que poucas pessoas
tem acesso. E eu não falo isso de forma alguma a fim de ofender quem tem acesso
a esses luxos, se você é alguém com condições de escapar desse sistema, por
favor, vá em frente, é sim algo muito bacana de se fazer. Mas não combate esse
sistema brutal de consumo... consumindo.
Então eu re-intero: não existe consumo ético. Porque não
existe indústria ética... ao menos não para a grande maior parte esmagadora da
população.
No fim das contas, nada muda se
você compra uma Demônia por 2.500 reais, ou sua versão falsificada por 200,
apenas a nacionalidade do investidor que lucra com a miséria de seus
funcionários. Pois esse não é um problema SEU, mas do SISTEMA.
Fontes:
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