quarta-feira, 11 de junho de 2025

Não Existe Consumo Ético (Nem Empresa Boazinha)

Pegada de Carbono, ou “Carbon Footprint” é o nome dado as emissões de gas de efeito estufa principalmente por parte de indivíduos, pessoas comuns como eu e você. E também é uma fraude, inventada pela empresa de marketing “Ogilvy & Mather”, na época contratada pela petrolífera “British Petroleum”, a fim de tirar a responsabilidade pela poluição do planeta Terra dos ombros de grandes empresas, e colocar nos sujos, desinformados e estúpidos plebeus. Como eu e você.

Mas esse post não é sobre aquecimento global em si, mas sim sobre essa tática de responsabilizar indivíduos, em essência, impotentes frente a políticas de empresas e governos, a fim de maximizar lucros e melhorar a imagem destas mesmas organizações.

E enquanto essa tática é usada por diversas indústrias (um exemplo que me lembro de não muito tempo atrás sendo de uma mineradora responsável por grande desmatamento e poluição do território amazônico fazendo vídeozinhos sobre como a selva é bela, e os pequenos servos feudais bizonhos, como eu e você, tem de parar de destruir a mata)... Nesse post eu vou focar na indústria da moda. E mais especificamente, no “consumo ético”.

Indo direto ao ponto, não existe consumo ético, e isso não passa de estratégia de marketing, greenwashing, ou falácia lógica da culpa por associação, chame como quiser.

A situações de costureiras aqui no Brasil é muitas vezes análoga à escravidão, ou a de trabalho escravo por completo, a maioria trabalha como informal, sem previdência, muitas vezes contraindo doenças e desenvolvendo condições seríssimas nas fábricas, ou quando trabalham em casa, levando suas crianças pequenas a ajudarem elas na confecção das peças...

E, ironicamente, enquanto fazendo essa pesquisa, no Brasil de Fato, o mesmo site que culpa o consumidor final do produto por esses abusos, também lista um vestido feito por quatro mulheres em troca de 1 real e 80 centavos sendo revendido por 65 reais, perpetuando essa mentira de que o culpado são sempre as pessoas mais fracas, e que muitas vezes não estão inteiradas desses abusos.

Afina, a indústria petrolífera diz que você deveria se sentir envergonhado por suas emissões de carbono, mas ela que subornou o mundo inteiro a fim tornar quase impossível para que você vá ao trabalho ou para a escola ou para a faculdade, ou para qualquer outro lugar sem ser de carro ou moto, então ou você abandona tudo e vira um eremita no mato, ou você vira um vilão malvado que está destruindo o mundo das pobres coitadinhas das petrolíferas.

Afinal, a indústria da moda te humilha por usar roupas fora de tendencia, e te proíbe de entrar em muitos lugares e consumir muitos serviços (as vezes absolutamente necessários como coisas relacionadas a documentos e leis) se você não estiver vestido de forma apropriada, e faz ilegal não possuir roupa alguma; você não tem escolha além de comprar aquela peça de 65 reais feita por mulheres em condições miseráveis.

E na verdade, as exceções para isso, os ateliês independentes, os doces caseiros sem associações com a Nestlê, ou ir de bicicleta para qualquer lugar, no tempo pressente são LUXOS que poucas pessoas tem acesso. E eu não falo isso de forma alguma a fim de ofender quem tem acesso a esses luxos, se você é alguém com condições de escapar desse sistema, por favor, vá em frente, é sim algo muito bacana de se fazer. Mas não combate esse sistema brutal de consumo... consumindo.

Então eu re-intero: não existe consumo ético. Porque não existe indústria ética... ao menos não para a grande maior parte esmagadora da população.

No fim das contas, nada muda se você compra uma Demônia por 2.500 reais, ou sua versão falsificada por 200, apenas a nacionalidade do investidor que lucra com a miséria de seus funcionários. Pois esse não é um problema SEU, mas do SISTEMA.

 

Fontes:

Trabalho Opressivo Para Mulheres 

Escravidão No Nordeste

Doenças Ocupacionais

A Verdade Sobre Carbon Footprint

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