sábado, 19 de abril de 2025

Qual a Estética do Presente?


    Em 2025 é muito comum ver as pessoas analisando, definindo e comentando sobre a estética dos anos 2000, ou 2010; falam sobre Frutiger Aero/metro, cultura emo e hipster, daqueles bolos com bolinhas cromadas e várias outras coisas nostálgicas.

    Ao mesmo tempo, um número tão grande de pessoas comenta sobre a atualidade não ter nenhum tipo de estética, mas será isso mesmo verdade?

    Eu acredito que não, e meus principais ponto para isso são:

  1. Ninguém define uma época ou era enquanto vivento ela no presente. O próprio termo “frutiger aero” só foi cunhado em 2017, e eu te garanto que ninguém nessa época estava comentando sobre esse estilo de maneira diferente do que como você comenta sobre a decoração da sua empresa ou quarto hoje em dia.
  2. Já existem sim coisa muito características de uma estética dos anos “2020”, e é sobre isso que eu vou elaborar sobre.

    Pois bem, então quais são as características que acredito ser as mais marcantes dos anos 2020 até então?

    Na parte material, acredito que as luzinhas penduradas nos cantos do quarto sejam muito 2020, bem como colecionar latinhas de Monster, e é claro vapes. E enquanto é verdade que todas essas coisas já existiam muito antes dessa década, elas se transformaram e adquiriram significados muito distintos de uns anos para cá. Monster é de 2002, mas ninguém poderia se importar menos com a marca na época, da mesma forma como o bigode é algo que existe desde o início da espécie humana, mas ele assumiu um significado e padrão muito distinto dez anos atrás. E falando em aparência...

    Esse é justamente o próximo ponto que eu gostaria de abordar, aparência. Mullet, Wolf cut, jellyfish hair, maquiagem com um pontinho de luz ou coração bem aparente na ponta do nariz, e/ou um corado muito evidente nas bochechas, as vezes até com aqueles risquinhos de anime mesmo. E eu sei que algumas dessas coisas são associadas as “e-girls” e “e-boys”, e essas são subculturas que não são vista com muitos bons olhos no presente, mas fazer o que? É algo que eu acredito que marcou sim essa geração, querendo ou não.

    A vamos aproveitar que já estamos falando de sub-culturas e até mencionei anime antes, e nos aprofundar justamente nisso: cultura nerd. Eu não posso enfatizar o suficiente o quanto isso mudou nos últimos anos. Ser nerd era motivo de chacota no passado, não era o tipo de coisa que você abertamente admitia ser. Embora eu admita que talvez eu tenha tido uma experiência especialmente ruim com isso devido ao local onde cresci, não acho que era muito diferente para outras pessoas, especialmente quanto existia um desejo de se afastar o máximo possível da alcunha, tanto que o termo “geek” era usado para diferenciar um “cara que só gosta de cultura pop” de um “nerd de verdade”, e eu acho que hoje em dia esse termo tá praticamente extinto já.

    Inclusive, acho que o tópico do quão mais tolerante a sociedade ficou para com a cultura nerd é um dos poucos pontos que você pode dizer que é uma melhora objetiva mesmo, um progresso social... embora antigamente, justamente por sofrer ataques de todos os lados, acredito que a comunidade nerd era mais tolerante consigo mesma do que hoje em dia, você tinha liberdade de ser muito mais “estranho”, já como não era algo popular de qualquer forma... com exceção da sub-subcultura do mundo de RPG de mesa, que nunca foi, e ainda não é lá das mais acolhedoras, mas esse é um assunto completamente diferente.

    Enfim, voltando para a estética dos anos 2020, e quanto a música? Do meu ponto de vista, a resposta para isso é clara como o dia: rap, e principalmente trap. Se quando eu era adolescente todo mundo queria estar numa banda de nu-metal (ou pop – mas pop não conta, é algo que transcende tendencias, é literalmente “música popular”, afinal), hoje em dia o grande sonho é ser um astro do trap, ou do rap. De novo, duas coisas que já existem a muito tempo, mas que explodiram demais em popularidade nesses últimos anos (tanto que, é provável que eu esteja falando merda aqui, mas é possível que sejam gêneros passando por uma “sertanejificação”, se é que me entende? Camadas muito acima da sociedade se apropriando dessas músicas e reduzindo elas ritmos e truques para falar as mesmas merdas que essas camadas vêm dizendo desde sempre).

    E para concluir essa listinha, algo óbvio, o TikTok. Honestamente, minha mente de tiozão jamais teria considerado um aplicativo com esse uma ideia viável, mas aqui estamos. E já coloca o Twitter/X nessa lista também, ou melhor ainda, redes sociais em geral, nunca antes a internet esteve tão centralizada em tão poucos pontos, controlada (explicitamente depois das birras do Elon Musk) por poucas corporações bem entendem, e ao que tudo indica, esse é o formato que funciona, e é assim que as coisas vão continuar daqui para frente.

    Enfim, essas são algumas das coisas que acredito que vão marcar essa “era”, essa estética, e em 20 anos as pessoas vão olhar par atrás, para os “bons tempos de 2020” e reclamar como tudo era mais estiloso até 2035 ou sei lá, mas no presente de 2040 eles “não tem nenhuma estética”.

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