Em 2025 é muito comum ver as pessoas analisando, definindo e comentando sobre a estética dos anos 2000, ou 2010; falam sobre Frutiger Aero/metro, cultura emo e hipster, daqueles bolos com bolinhas cromadas e várias outras coisas nostálgicas.
Ao mesmo tempo, um número tão grande de pessoas comenta
sobre a atualidade não ter nenhum tipo de estética, mas será isso mesmo
verdade?
Eu acredito que não, e meus principais ponto para isso são:
- Ninguém define uma época ou era enquanto vivento ela no presente. O próprio termo “frutiger aero” só foi cunhado em 2017, e eu te garanto que ninguém nessa época estava comentando sobre esse estilo de maneira diferente do que como você comenta sobre a decoração da sua empresa ou quarto hoje em dia.
- Já existem sim coisa muito características de uma estética dos anos “2020”, e é sobre isso que eu vou elaborar sobre.
Pois bem, então quais são as características que acredito
ser as mais marcantes dos anos 2020 até então?
Na parte material, acredito que as luzinhas
penduradas nos cantos do quarto sejam muito 2020, bem como colecionar latinhas
de Monster, e é claro vapes. E enquanto é verdade que todas essas coisas já
existiam muito antes dessa década, elas se transformaram e adquiriram
significados muito distintos de uns anos para cá. Monster é de 2002, mas
ninguém poderia se importar menos com a marca na época, da mesma forma como o bigode é algo que existe desde o início da espécie humana, mas ele assumiu um
significado e padrão muito distinto dez anos atrás. E falando em aparência...
Esse é justamente o próximo ponto que eu gostaria de
abordar, aparência. Mullet, Wolf cut, jellyfish hair, maquiagem com um pontinho
de luz ou coração bem aparente na ponta do nariz, e/ou um corado muito evidente
nas bochechas, as vezes até com aqueles risquinhos de anime mesmo. E eu sei que
algumas dessas coisas são associadas as “e-girls” e “e-boys”, e essas são
subculturas que não são vista com muitos bons olhos no presente, mas fazer o
que? É algo que eu acredito que marcou sim essa geração, querendo ou não.
A vamos aproveitar que já estamos falando de sub-culturas e
até mencionei anime antes, e nos aprofundar justamente nisso: cultura nerd. Eu
não posso enfatizar o suficiente o quanto isso mudou nos últimos anos. Ser nerd
era motivo de chacota no passado, não era o tipo de coisa que você abertamente
admitia ser. Embora eu admita que talvez eu tenha tido uma experiência
especialmente ruim com isso devido ao local onde cresci, não acho que era muito
diferente para outras pessoas, especialmente quanto existia um desejo de se
afastar o máximo possível da alcunha, tanto que o termo “geek” era usado para
diferenciar um “cara que só gosta de cultura pop” de um “nerd de verdade”, e eu
acho que hoje em dia esse termo tá praticamente extinto já.
Inclusive, acho que o tópico do quão mais tolerante a
sociedade ficou para com a cultura nerd é um dos poucos pontos que você pode
dizer que é uma melhora objetiva mesmo, um progresso social... embora
antigamente, justamente por sofrer ataques de todos os lados, acredito que a
comunidade nerd era mais tolerante consigo mesma do que hoje em dia, você tinha
liberdade de ser muito mais “estranho”, já como não era algo popular de
qualquer forma... com exceção da sub-subcultura do mundo de RPG de mesa, que
nunca foi, e ainda não é lá das mais acolhedoras, mas esse é um assunto
completamente diferente.
Enfim, voltando para a estética dos anos 2020, e quanto a
música? Do meu ponto de vista, a resposta para isso é clara como o dia: rap, e
principalmente trap. Se quando eu era adolescente todo mundo queria estar numa
banda de nu-metal (ou pop – mas pop não conta, é algo que transcende tendencias,
é literalmente “música popular”, afinal), hoje em dia o grande sonho é ser um
astro do trap, ou do rap. De novo, duas coisas que já existem a muito tempo,
mas que explodiram demais em popularidade nesses últimos anos (tanto que, é
provável que eu esteja falando merda aqui, mas é possível que sejam gêneros
passando por uma “sertanejificação”, se é que me entende? Camadas muito acima
da sociedade se apropriando dessas músicas e reduzindo elas ritmos e truques
para falar as mesmas merdas que essas camadas vêm dizendo desde sempre).
E para concluir essa listinha, algo óbvio, o TikTok.
Honestamente, minha mente de tiozão jamais teria considerado um aplicativo com
esse uma ideia viável, mas aqui estamos. E já coloca o Twitter/X nessa lista
também, ou melhor ainda, redes sociais em geral, nunca antes a internet esteve
tão centralizada em tão poucos pontos, controlada (explicitamente depois das
birras do Elon Musk) por poucas corporações bem entendem, e ao que tudo indica,
esse é o formato que funciona, e é assim que as coisas vão continuar daqui para
frente.
Enfim, essas são algumas das coisas que acredito que vão
marcar essa “era”, essa estética, e em 20 anos as pessoas vão olhar par atrás,
para os “bons tempos de 2020” e reclamar como tudo era mais estiloso até 2035
ou sei lá, mas no presente de 2040 eles “não tem nenhuma estética”.
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