O personagem volta no tempo para corrigir os arrependimentos do
passado, mas independente do que ele faça, o resultado é igualmente ruim ou
ainda pior do que aquele da linha temporal original. Então ele volta para o
presente, sem realmente fazer nada. Moral da história: independente do que você
fizesse, sua vida seria uma porra de qualquer jeito, você nasceu para sofrer,
então nem perde tempo reconhecendo seus erros ou os erros dos outros.
Eu acho esse tipo de visão de mundo passiva e conformista bastante rasa, e muitas vezes até ofensiva.
Primeiro por conta de motivos políticos óbvios, narrativas como
“mesmo se tragédia histórica X nunca tivesse acontecido, algo muito pior teria aconteceria
de qualquer jeito, então, na verdade, você deveria apenas esquecer os danos que
nosso país causou no seu”, afinal boa parte dessas lições de moral que saem dos
EUA ou da Europa servem principalmente para que sua população e estrangeiros
não pense muito a fundo sobre o passado imperialista dessas regiões.
E segundo porque esse tropo é sempre desenvolvido da maneira
mais falaciosa possível, na maior parte das vezes ele é mal escrito mesmo.
Tipo, o personagem se arrepende de ter ficado bêbado uma vez, então ele nunca
mais bebe nenhuma gota de álcool, e surta ao sequer ver alguém com uma cerveja na mão e perde os amigos por isso. Simplesmente não é assim que pessoas funcionam... Mas para que essa
narrativa de “impotência aprendida” funcione, tudo tem que ser feito em extremos,
como uma falácia do espantalho, e é de revirar os olhos.
O que eu quero dizer é: existem mil e uma formas de
comunicar que as pessoas não devem se atormentar com suas memórias sem
dizer também que suas ações são completamente inconsequentes ou pior ainda,
suas vontades e ideais só faria todos ao seu redor completamente infelizes.
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