“As outras pessoas são idiotas demais para gostar de arquitetura/arte contemporânea” é um discurso nem tão incomum assim por parte de alguns, mas eu não poderia discordar mais desse tipo de afirmação.
Primeiro porque é absurdamente presunçoso e arrogante
assumir que todas as pessoas que não gostam das mesmas coisas que você são
“menos inteligentes”.
E segundo porque estilos artísticos mais abstratos sempre estiveram em moda, desde os primórdios da história humana; vemos isso em sítios arqueológicos ao redor do mundo todo... e continuamos a ver isso hoje em dia! Acredito que a popularidade recente de vídeos sobre a estética “frutiger aero”, por exemplo, onde pessoas de idades e contextos muito diferentes se mostram perfeitamente capazes de apreciar prédios e obras de arte “diferentonas” são evidencias disso também.
Ao invés disso, me parece que boa parte do desgosto do público geral para com alguns estilos de arte em específico vem da maneira hostil com a qual essas pessoas são tradas por esses estilos; desde prédios bilionários atirando raios laser que derretem os pobres mortais em seu caminho (20 Fenchurch Street), até milionárias paredes enormes de metal impedindo que pessoas vejam uns as outras em espaços públicos (por Richard Serra), até a própria posição das elites em se recusar a oferecer salários e folgas dignas a seus funcionários, mas gastarem centenas de milhões de dólares em obras de arte para decorar suas casas sem hesitação...
Uma frase popular entre espertalhões da net é “a arte deve confortar os perturbados e
perturbar os confortáveis”, mas por vezes acho que essas mesmas pessoas confundem quem são os "confortáveis" e quem são os "perturbados".
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