sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Especial de Halloween/Dia das Bruxas (10/10/2025) 🎃

O cão é o melhor amigo do homem, dizem muitos, mas sempre foi o cavalo quem ajudou o agricultor a arar o solo, que carregou o soldado no campo de batalha, e que transportou pessoas e bens ao redor do mundo ao longo da história... Mas mais importante que isso, em noites cheias de tensão, não são relinchos de cavalos que assombram transeuntes.

Esse é um relato real, contado por um colega de trabalho de meu irmão.

Essa é uma história de décadas atrás, e que se passa numa comunidade pequena do interior. Um povoado tranquilo, do tipo em que se pode deixar as portas e janelas escancaradas ao sair de casa, sem pesar na consciência. O tipo de lugar onde todo mundo conhecia todo mundo, onde carroças eram o principal meio de transporte, e as casas eram separadas por vastas extensões de mato e selva.

...Também era o tipo de lugar onde, à noite, não havia muito o que se fazer, além de visitar o boteco local, e tomar alguns dedos de cachaça. E era exatamente isso o que o protagonista dessa história fazia.

Com os cabelos grudados na testa pelo suor, e uma perna subindo e descendo, agitada, o homem encarava a estrada de terra batida a frente do bar. Aquele trecho em específico, por ser mais próximo à BR, era iluminado por postes de luz, mas o caminho para sua casa, apenas um pouco mais adiante, não era. Seriam quilômetros de viagem em breu quase total, com apenas um lampião como guia. E o pior: no caminho até o bar, ele havia ouvido uivos.

O homem já havia bebido mais do que o comum, mas a coragem líquida não lhe acalmava os nervos. Lobos guará, na época, ainda vagavam pela região, mas ele já havia ouvido os tímidos animais antes, e o uivado que ouvira naquela noite era completamente diferente. Algo lhe dizia que ele não deveria deixar a proteção sagrada de uma lâmpada HPS. Porém, os outros bebuns apontavam para ele, sorrindo, e o bartender começava a jogar verde para descobrir se havia algo errado.

O homem não seria motivo de piadas naquela noite. Não, não enquanto ele tivesse o três-oitão em sua cintura: levantou-se, estufou o peito, pagou a conta, e subiu em sua carroça de volta para casa.

Ao fim do primeiro quilômetro de viagem, quase já havia se esquecido porque hesitou tanto em fazer o caminho de volta. Ao fim do segundo quilômetro, porém, foi lembrado do motivo: um uivo. O som era horrível, muito alto, muito rouco, cheio de cólera.

O homem atiçou seu cavalo, querendo retornar à segurança de seu lar o mais rápido possível.

Poucos minutos de viagem depois, seu cavalo mostrava-se agitado, balançando a cabeça de um lado para o outro freneticamente, conduzindo viciosamente a carroça para a esquerda, para longe do paredão de mato que a estrada contornava. Aquilo era estranho, algo estava errado, o homem não havia apressado seu cavalo por tempo o suficiente para que este começasse a mostrar sinais de exaustão ainda...

Não houve tempo para considerar outras hipóteses: como um relâmpago, um imenso cão albino saltou da mata e abocanhou a garganta do animal de carga.

O repentino solavanco atirou o homem apavorado para fora da carroça, bem como seu lampião, e quando finalmente fez-se banhar o cavalo de luz mais uma vez, o homem empunhando seu revólver com uma mão titubeante, e a fonte de luz com outra, ele deparou-se com a cena mais aterrorizante de toda sua vida.

Se o enorme cão albino era o relâmpago, o pescoço brutalmente despedaçado do cavalo, esguichando litros de sangue era a tempestade profetizada a assolar a terra. O enorme cão havia rapidamente matado o cavalo, muitas vezes maior e mais pesado. E pior... o predador então encarava fixamente o homem.

“Bang! Bang! Bang! Bag!”

O homem disparou quatro vezes contra o cão, descarregando metade do tambor da arma no animal... no que deveria ser um animal, mas ao invés de cair morto instantaneamente, o cão apenas soltou do cavalo, com expressão incomodada, e mergulhou de volta à mata.

...O homem não sabe quando ou como chegou em casa. Deve ter corrido sem parar por quilômetros, olhando ao redor de si e para a escuridão a todos os lados, quase enlouquecido. Não se atreveu a pregar os olhos antes do raiar do sol.

Nenhum cadáver de cão foi encontrado... Ou de cavalo.

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