Você percebeu que recentemente páginas da internet e vídeos do YouTube estão sendo traduzidos automaticamente?
Bem, eu percebi, e isso levanta alguns questionamentos
interessantes para mim. Por exemplo, enquanto maior acesso à informação é quase
sempre algo bom (com exceção de dados pessoais de figuras não públicas, ou
segredos de estado, e essas coisas), será que essas empresas de tecnologia
estão tomando um passo na direção de maior democratização do acesso à
informação, ou isso não passa de um esforço para erodir culturas de países
menos influentes?
Textos explicativos que não tem origens clara, e são sempre
os primeiros resultados nas pesquisas do Goolge, por vezes muito difíceis de
dizer que foram escritos em outros continentes a menos que você preste muita
atenção nos detalhes, eles empurram narrativas e pontos de vista imperialistas
que exaltam a própria nação e diminuem as demais.
E não precisa ser algo super escrachado, raramente é na
verdade. A erosão de culturas menos privilegiadas vem na forma de substituição
de palavras de uma língua por outra, das mudanças das expectativas de vida uma
pessoa, e até na percepção aos poucos distorcida de eventos históricos; na
verdade o que me deu a ideia para escrever esse texto em primeiro lugar foi um
comentário que recebi num outro vídeo que fiz criticando relatos completamente
fora da realidade sobre os anos 2000 no Brasil.
Agora, de forma alguma eu vou te pregar um sermão só porque
te peguei falando uma palavra em inglês, mas eu chamo a atenção para isso aqui
porque isso é simplesmente algo que nos torna mais fracos como coletivo, né.
Por exemplo, se você está lendo esse post, provavelmente és
brasileiro, já foi para uma escola nesse país, e já viu alguma representação de
uma escola americana. Como você se sente, então, quando vê uma das muitas
representações de escolas em séries ou filmes brasileiros seguindo exatamente o
mesmo modelo americano? Como você acha que uma criança se sentiria assistindo
isso e pensando que ela viveu ou vive uma “experiencia errada” de vida? Afinal
o próprio país dela se representa de forma irrealista. (falácia logica do
“pense nas crianças! kk)
O resultado disso tudo é o que eu chamei, sem pensar muito
afundo num nome para isso, é o “natal no brasil”, onde experienciamos um calor
de 40-50 graus constantemente, e ainda assim forçamos um coitado a se vestir de
papai-noel, com roupas pesadas de inverno. Tudo isso apenas para atender as
expectativas de pessoas que sonham com o dia que vão poder “limpar” a Terra do
nosso povo. Castigamos a nós mesmos pelo conforto dos outros.
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