Clichês, tropos, estereótipo. Existem inúmeras convenções de criação de histórias conectadas por uma característica em comum: elas vendem.
Nesse sentido, pode-se pensar nessas repetições como os sabores clássicos dos doces, o de maçã, uva, abacaxi, morango, banana e melancia. Claro, um empreendedor pode se arriscar no desenvolvimento de um gosto novo, mas os sabores clássicos já se provaram sucessos ao longo de décadas, não dão sinal nenhum de perda de popularidade, e o mais importante, geram muito lucro. Suas chances de sucesso ao vender sucos sabor abacaxi são muitas vezes maior do que, digamos, um suco de mão-de-buda.
É o mesmo com o tropo d’O Escolhido, uma pessoa predestinada à grandeza e profetizada à vitória, por exemplo.
Dito isso, esse não é um discurso de ódio contra os clichês, bem como os sabores de fruta, eles existem e fazem tanto sucesso porque são bons, familiares, e amados por muitos. É irracional dizer que um doce é ruim só porque seu sabor é o de morangos, e também julgar uma história como inferior só porque esta usa de um ou mais clichês em sua composição.
As Crônicas de Gelo e Fogo usam de clichês como o do rei louco, do coma conveniente, do bonzinho idiota, e tantos outros; Fullmetal Alchemist: Brotherhood tem um arco de treino, um gigante bonzinho, do sacrifício heroico, etc., e ambas essas histórias são obras primas de suas próprias mídias.
Dito isso, também não tenho um apetite insaciável por clichês, especialmente porque o apego ao familiar, por vezes, vai longe demais e acaba por sufocar a criatividade de tantos artistas, e falo isso como alguém que chegou a ter um Patreon relativamente bem-sucedido através de um pseudônimo americano enquanto escrevendo ficção em inglês, para estrangeiros: o dinheiro entrava, mas as palavras que eu digitava sequer pareciam as minhas próprias. É um tanto frustrante introduzir conceitos incomuns para grandes audiências, como tentar fazer um bebê comer seus vegetais, você tem de esparsar essas ideais entre sequências de conteúdo mais familiar para o leitor.
Bem, não que eu mesmo seja uma exceção capaz de consumir histórias provenientes de qualquer cultura e utilizando de narrativas incomuns, afinal, por vezes já tentei ler ficção chinesa, mas tenho certa dificuldade em me adaptar para tal.
Permita-me então concluir esses pensamentos com um clichê: mantenhamos todos amente aberta e um senso crítico apurado, a fim de aproveitar as histórias a nós disponíveis ao máximo.
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